Dor oncológica: conceito, características e possíveis tratamentos

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A dor oncológica, conforme o próprio nome já diz, ocorre em consequência   ao câncer e seus tratamentos. Nesse sentido, essas dores acontecem diariamente na vida de milhares de pacientes acometidos pela doença

Podemos afirmar que esse problema atrapalha muito a vida das pessoas e, de modo geral, prejudica até mesmo o próprio tratamento. O câncer, como sabemos, é uma doença que pode ser bastante agressiva e diminuir drasticamente a qualidade de vida dos indivíduos.

Com a dor oncológica, isso fica ainda mais sério e diversos pacientes ficam muito frustrados e desmotivados em se tratar. Se você está nessa situação, ou conhece alguém que esteja passando por isso, fique calmo(a)!

Saiba que existem meios de gerenciar e diminuir as dores que acometem as pessoas durante o tratamento de tumores. Quer saber mais sobre esse tema?

Leia nossa matéria de hoje na íntegra e confira tudo sobre o assunto. Tenha uma leitura proveitosa e deixe seu comentário no final do post!

Afinal, o que é a dor oncológica?

A dor oncológica existe em decorrência do surgimento e/ou tratamento de câncer. Essa doença, conforme sabemos, consiste na multiplicação anormal de células pelo corpo do(a) paciente. Desse modo, essas células cancerígenas se dividem rapidamente e, por consequência, destroem os tecidos normais do indivíduo..

Em decorrência  dessa multiplicação, bem como, de alguns métodos terapêuticos, os pacientes podem ter dores, em grau médio a grave.

Essas dores podem ser divididas em subgrupos, como:

Dor nociceptiva

Normalmente esse tipo de dor ocorre em pessoas quando o câncer se espalha por:

  • Vasos sanguíneos e artérias;
  • Articulações;
  • Músculos;
  • Ossos;
  • Órgãos em geral.

A dor nociceptiva é aquele tipo de dor mais comum. Surda, latejante, em pontada, bem localizada quando afeta articulações, ossos, músculos. Também é associada à dor visceral, caracterizada por dor mal definida, em cólica ou espasmo, às vezes associadas a suadeira e queda de pressão. A dor visceral é consequência da invasão de vísceras como fígado, estômago e intestino pelo tumor.

Dor neuropática

Já a dor neuropática é citada pelos indivíduos como uma sensação forte de dormência, queimação ou de choque. Isso pode ocorrer apenas na área afetada diretamente pelo câncer, como também, por qualquer região do corpo.

Existem ainda alguns tipos de dores mais pontuais e bastante agudas, conhecidas também por dor incidental. Para essas, o manejo e controle fica muito mais difícil devido às características peculiares que esse tipo de dor tem..

Porém, sempre recomendamos uma avaliação prévia com um médico especialista em dor e até mesmo com um neurologista para um diagnóstico mais eficaz e contundente.

Causas desse problema

A dor oncológica sempre possui como pano de fundo o câncer, veja só as razões mais comuns para essa adversidade:

  • Ela ocorre quando um ou mais tumores exercem pressão em alguma região do corpo do(a) paciente. Isso pode acontecer em tecidos, nervos ou órgãos do corpo humano;
  • A dor oncológica também pode se iniciar após a cirurgia de retirada de um câncer ou após a realização de um tratamento dessa doença;
  • Por último, saiba que essa dor também ocorre devido a outros tratamentos de câncer, tais como: radioterapia, quimioterapia, dentre outros.

Diagnóstico dessa complicação

Diferentemente do que muitos imaginam, um paciente com câncer não precisa (e nem deve) viver com dores todos os dias. Portanto, se você está em tratamento dessa doença, mas sente um ou todos os sintomas que citaremos abaixo, busque ajuda médica especializada o quanto antes.

É possível obter, com a ajuda de um especialista em dor, diminuição importante da dor oncológica e ter mais qualidade de vida e mais tranquilidade. Veja os indicativos de sinais de alerta para buscar ajuda:

  • Se as dores prejudicam o seu dia-a-dia e te impedem de fazer as atividades mais simples. Ou seja, se a sua qualidade de vida está altamente comprometida;
  • A dor persiste mesmo depois de tomar os remédios recomendados pelo médico 

Quais são os sintomas mais comuns da dor oncológica?

Conforme comentamos acima, esse tipo de dor costuma variar entre a dor nociceptiva e a neuropática. Para você entender melhor, veja como elas exercem dores diferentes no organismo:

  • A dor neuropática é responsável pelas sensações de formigamento e queimação que citamos anteriormente;
  • Já a dor nociceptiva, é mais latente e aguda. Esse tipo de dor pode se tornar muito intensa e chega a latejar em alguns momentos, segundo diversos pacientes.

Em síntese, ambas as dores são muito ruins e bastante inconvenientes. Portanto, sempre que um paciente chega nesse quadro, é importante buscar um tratamento adequado para o problema.

Entenda como isso é possível no tópico a seguir.

Quais os recursos e tratamentos para esse problema?

Antes de mais nada, salientamos que apenas o seu médico especialista em dor pode receitar os devidos recursos terapêuticos. Vale a pena salientar que os tratamentos variam de paciente para paciente. Pois existem:

  • Diferentes tipos de dores;
  • Distintas áreas onde surgem o problema;
  • Também há níveis diferentes de dor, ou seja, desde grau leve a severo.

Às vezes, o tratamento recomendado pelo médico causa outros efeitos colaterais adversos ou não resolve o problema do(a) paciente. Nesse caso, se faz necessário outras técnicas mais invasivas.

Veja detalhadamente todos os tipos de tratamentos e recursos para a dor oncológica e entenda mais como cada intervenção ocorre. Confira!

Neuroablação

Saiba que esse é, na maioria dos casos, a última opção para tratar esse tipo de problema. A neuroablação consiste na destruição dos nervos que conduzem informações de dor até o cérebro do(a) paciente.

Isso acontece graças ao aquecimento desses nervos com dispositivos próprios para tal fim. Desse modo, o cérebro para de receber os comandos de dor e isso, enfim, extingue a dor oncológica da vida do indivíduo.

Bloqueios neurolíticos

Outros recursos que atingem diretamente os nervos do(a) paciente, são os bloqueios neurolíticos. Esse tipo de tratamento consiste em injeções dadas diretamente nos nervos. Assim eles:

  • São destruídos pela substância aplicada;
  • Têm as suas funções comprometidas e param de mandar para o cérebro do(a) paciente mensagens de dor.

Bomba de infusão de medicamentos

Essa é uma ótima opção para os pacientes que têm efeitos colaterais intensos após tomada de medicação oral. Entenda melhor como funciona a bomba de infusão de fármacos:

  • Através de um cateter flexível e bem fininho são colocados analgésicos na região em torno da medula espinhal. Um dos espaços utilizados para esse fim é o “espaço peridural”.;
  • Um dos modelos de bomba pode ser inserido na parte interna do abdômen do(a) paciente, ou seja, é colocada cirurgicamente. Consideramos muito positivo esse tipo de recurso terapêutico, uma vez que são oferecidas poucas quantidades de remédio para o organismo do indivíduo.

Opióides

Os medicamentos opióides são uma opção para os indivíduos que não respondem bem a outros remédios. Assim, os opióides na forma de comprimidos ou adesivos podem melhorar muito as dores causadas pelo câncer e/ou pelo seu tratamento.

Esse tipo de substância imitam as endorfinas presentes no organismo e provocam alívio na transmissão do estímulo álgico, com melhora sintomática do paciente. Contudo, sempre é necessário receituário médico e supervisão de um profissional da saúde.

Infusão externa de medicamentos

Lembra-se da bomba interna que citamos acima? Saiba que também existe a mesma opção, porém, externa ao corpo do(a) paciente. Nesse método, inserimos um tubo na veia do indivíduo (ou no espaço desejado para tratamento da dor) e fornecemos medicamentos para controle da dor oncológica.

Igualmente às infusões externas, esse tipo de tratamento também costuma ser muito positivo e possibilitar imenso alívio para os pacientes.

Pílulas e medicamentos via oral

Os primeiros métodos de tratamento, sempre que pensamos em dor oncológica, são os remédios não opióides. Ou seja, medicamentos comuns, como os comprimidos de analgésicos e anti-inflamatórios. Entretanto, para melhorar as dores do(a) paciente e conseguir eficácia no tratamento, muitas vezes são necessárias várias receitas e prescrições diferentes.

Normalmente, indicamos remédios como:

  • Anti-inflamatórios não esteroides, como o naproxeno, o ácido acetilsalicílico e o ibuprofeno;
  • Analgésicos leves também podem ser indicados, como por exemplo o paracetamol e o dipirona.

Existem tratamentos para a dor oncológica que não usam remédios?

Sim. Entretanto, os recursos citados abaixo são feitos, na imensa maioria, ao mesmo tempo em que empregamos terapias com medicamentos. Ou seja, recomendamos o uso de remédios aliados às técnicas que citaremos abaixo. Confira!

Psicoterapia

A psicoterapia é uma excelente opção para melhorar a forma como um(a) paciente com câncer se enxerga e vê o mundo. Nesse sentido, o tratamento com um psicólogo e às vezes com um psiquiatra contribui:

  • Redução do risco de doenças, como transtorno de ansiedade e de depressão;
  • Melhoria da autoestima e autoaceitação;
  • Diminuição de sentimentos negativos, tristeza e da sensação de morte que muitos pacientes têm quando descobrem que estão doentes.

Atividades físicas

As atividades físicas também ajudam muito a lidar melhor com a dor oncológica. Assim, sempre que um paciente consegue melhorar um pouco a sua qualidade de vida e diminuir as dores, indicamos a prática de exercícios.

Portanto, fazer uma caminhada, natação, pilates ou outro tipo de exercício é muito benéfico para a saúde geral de um(a) paciente em tratamento oncológico.

Técnicas de relaxamento

Por fim, recomendamos que você invista em técnicas de relaxamento se passa pelo problema que citamos hoje. Indicamos massagens relaxantes, banhos de banheira e alguns passeios como em praias e cachoeiras. Isso revigora o indivíduo e melhora tanto a saúde física, quanto a saúde mental.

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Dr. Luiz Gustavo

Anestesiologista e Médico da Dor;
Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG);
Residência médica em anestesiologia pelo Hospital Felício Rocho;
Médico Anestesiologista pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia;
Pós-graduado em Cuidados ao Paciente com Dor pelo Hospital Sírio-Libanês (São Paulo);
Médico da Dor pela AMB;
Aperfeiçoamento em Anestesia para Transplante Hepático no Hospital Paul Brousse em Villejuif (Paris) França;
Anestesista Hospital das Clínicas da UFMG;
Anestesista do Grupo de Transplantes do Hospital das Clínicas da UFMG;
Preceptor da residência médica em anestesiologia HC-UFMG.

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